sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Polícia Civil pede socorro


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Rafael Alcadipani*
A Segurança Pública é vista por grande parte dos brasileiros como um dos principais problemas do Brasil. O brasileiro vive com medo de ser assaltado, sofrer um sequestro relâmpago ou até mesmo ser vítima de um latrocínio. As principais forças policiais do Brasil são as Polícias Militares, responsáveis pelo patrulhamento e repressão dos crimes, e as Polícias Civis, responsáveis pela investigação dos crimes que já aconteceram.
Imaginava-se que dada a situação de calamidade pública da Segurança Pública nacional, os nossos governos iriam investir e dar atenção as duas forças policiais de maneira igual. Além disso, investir em investigação criminal é fundamental para que quadrilhas sejam desbaratadas, criminosos sejam presos e não voltem a cometer seus crimes. Porém, não é isso que acontece.
Parte expressiva do orçamento de Segurança Pública dos Estados é dedicada às Polícias Militares. Em São Paulo, Estado mais rico da federação, a Polícia Civil está praticamente na UTI. Os salários nessa força policial, em todas as carreiras, estão abaixo da média nacional, a despeito da pujança econômica paulista. Alguns dados a respeito dos Policiais Civis de São Paulo mostram os graves problemas que essa força está enfrentando: 44% dos delegados de polícia serão idosos nos próximos anos. Apenas 3% dos policiais civis têm menos de 30 anos. Entre 2014-2016, saíram 379 delegados e apenas 48 entraram. 40% dos municípios de São Paulo não possuem delegados de polícia. 23% dos cargos de escrivão de polícia estão vagos no Estado de São Paulo. Apenas 25% dos escrivães têm menos de 40 anos. Entre 2015-2016, saíram 1319 escrivães e apenas 394 entraram. O padrão se mantém também para os investigadores de polícia. 77% deles estão acima de 40 anos. 1390 saíram e apenas 669 foram admitidos.
Esses dados mostram os motivos das dificuldades que a população encontra quando precisa dos serviços da Polícia Civil. Há poucos funcionários e a mão de obra está envelhecida. As aposentadorias na força polícia tende a agravar o quadro. E a se manter o padrão, a Polícia Civil vai encolhendo. Por outro lado, há delegados, escrivães e investigadores que passaram em concursos para serem nomeados e o governo do Estado, sem explicar o motivo, não os nomeia. Parece, sim, que o interesse do governo paulista é acabar com a sua Polícia Civil.
É urgente que sejam tomadas medidas para que a Polícia Civil saia da UTI. Isso começa com as nomeações e novos concursos para repor a falta gritante de pessoal. Mas também deve envolver uma reforma nas carreiras da força e uma valorização dos policiais. Sem uma Polícia Civil forte, ficaremos nas mãos de uma polícia truculenta e pouco inteligente.
* Rafael Alcadipani é Professor Adjunto de Análise Organizacional e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Url da matéria: http://brasil.estadao.com.br/blogs/tudo-em-debate/policia-civil-pede-socorro/
 


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Anápolis (GO) pode receber fábrica de armas dos Emirados Árabes

A indústria pode gerar 1.250 empregos

imagem: reprodução

A Delfire Industria e Comércio de Extintores, empresa goiana com sede no Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), firmou no início do mês de outubro, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, acordo com a Caracal International LLC, que tem como CEO o sheikh Hamad Salem Al Almeri, para a instalação de uma planta industrial dessa empresa no estado. A unidade é voltada para a produção de armamentos e munições exclusivas para forças de segurança pública do Brasil e com atenção voltada para o mercado da América Latina.
O governo de Goiás foi representado na cerimônia de assinatura pelo superintendente Executivo de Desenvolvimento Econômico (SED), Luis Maronezzi, e pelo superintendente de Ações e Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSPAP), delegado federal Emmanuel Henrique. A previsão é de que sejam gerados com a consolidação do projeto cerca de 1.250 empregos diretos e indiretos.
As duas empresas se comprometem a trabalhar para viabilizar a instalação de uma indústria da Caracal no Brasil, buscando a aprovação inicial do governo brasileiro para a fabricação de armamentos. Se comprometem, também, a construir um plano de viabilidade para o empreendimento. As partes irão, ainda, elaborar um projeto para o início das atividades da indústria, primeiramente para montagem de peças e avançando para a fabricação de armas.
Para o empresário Augusto de Jesus Delgado Júnior, a assinatura do memorando de intenções com a Caracal, indústria bélica de ponta, que emprega alta tecnologia na fabricação de armas, representa uma quebra de paradigmas, por ser a primeira indústria bélica a ser instalada no país. Segundo ele, assim como o governador Marconi Perillo, iniciou em 2004 as negociações para a instalação da indústria automotiva no estado, este é um segundo passo na quebra de paradigmas. Conforme acentua, a Caracal Brasil foi planejada para entrar em funcionamento em aproximadamente 12 meses, a partir deste acordo.
Os estudos preliminares para a instalação de uma planta da Caracal no estado de Goiás adiantam que a unidade deve ser sediada no município de Anápolis, onde se localiza a maior plataforma logística e de infraestrutura voltada ao transporte e exportação da região Centro-Oeste do país. “Viemos aqui exatamente discutir detalhes desse empreendimento, se inicialmente importaríamos os produtos acabados ou se já faríamos a importação em sistema CKD (Complete Knock-Down) para montarmos as armas no Brasil”, destaca Augusto Delgado.
A partir desse compromisso, serão providenciados os documentos, contratos e licenças para regulamentar o acordo nos próximos meses, com a vinda dos dirigentes da Caracal a Goiás. Para o empresário Paulo Humberto, a vinda da maior fabricante de armas de calibres especiais dos Emirados Árabes para o Brasil, particularmente para Goiás, representa uma inovação para o estado. A planta, segundo o empresário, é a que detém a maior tecnologia para armas de ponta em todo o mundo.
Atualmente, a Caracal tem como chefe de Operações o engenheiro mundial de armas, Robert Rich, que desenvolveu produtos bélicos para as alemãs Heckler & Koch GmbH (H & K) e SIG Sauer GmbH & Co.KG, entre outras. “Ele é um gênio do desenvolvimento de armamentos e não há hoje nenhuma tecnologia, sustentabilidade e resistência igual à oferecida pela Caracal”, afirma Paulo Humberto. A indústria produz uma linha de armas especiais que inclui fuzis, snipers, pistolas, metralhadoras semiautomáticas, carabinas automáticas, entre outros. Produz também munição e acessórios para armas.
url da matéria: http://www.curtamais.com.br/goiania/anapolis-go-pode-receber-fabrica-de-armas-dos-emirados-arabes