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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Ex-médico Roger Abdelmassih é preso no Paraguai pela Polícia Federal

Abdelmassih levava uma vida luxuosa no Paraguai com mulher e filhos.
Condenado por 56 estupros, ele era procurado pela Interpol desde 2011.


Izabelle Ferrari / Flávia FreireCiudad del Este, Paraguai / São Paulo, SP

O ex-médico Roger Abdelmassih, acusado de dezenas de estupros de suas pacientes e foragido há três anos, foi preso no Paraguai. Abdelmassih foi para a delegacia da Polícia Federal em Foz do Iguaçu e deve ser transferido para São Paulo ainda na quarta-feira (20).
As imagens feitas por policiais paraguaios mostram o momento em que o ex-médico Roger Abdelmassih chega à pista da força aérea paraguaia, na capital, Assunção.
Quando foi preso, ele estava com a mulher e os filhos gêmeos de três anos, saindo da escola das crianças. O ex-médico levava uma vida luxuosa no Paraguai. Ele morava em uma mansão e era vizinho do presidente paraguaio, Horácio Cartes.
O avião que transportou o ex-médico pousou em um aeroporto em Hernandárias, município vizinho à Cidade do Leste, na fronteira com o Brasil. Policiais federais brasileiros e agentes da secretaria antidrogas do Paraguai fizeram a escolta.
Na noite de terça-feira (19), Roger Abdelmassih deixou o prédio da alfândega paraguaia na fronteira com o Brasil. Ele foi encaminhado até o setor de migração da polícia paraguaia por policiais paraguaios e assinou alguns documentos antes de deixar o país vizinho na fronteira com o Brasil.
Era uma ata de expulsão porque o ex-médico estava em situação ilegal no Paraguai. O comboio cruzou a Ponte da Amizade e Roger Abdelmassih foi levado à delegacia da Polícia Federal em Foz do Iguaçu.

Roger Abdelmassih, que chegou a ser um dos nomes mais respeitados em reprodução assistida no país, era procurado pela Interpol desde novembro de 2011. Ele fugiu depois de ser condenado a 278 anos de prisão por 56 estupros de pacientes.
A prisão do ex-médico só foi possível graças às investigações do Ministério Público de São Paulo. Neste ano, os promotores descobriram uma rede de pessoas que ajudava Roger Abdelmassih a se manter no Paraguai.
A Polícia Federal já tem pistas de como ele conseguiu deixar o Brasil sem ser reconhecido.
Por causa de recursos a instâncias superiores, Roger Abdelmassih deve passar por um novo julgamento. A defesa dele alega inocência e o Ministério Público quer uma pena ainda maior.
O QUE DIZEM AS VÍTIMAS
Por causa de recursos a instâncias superiores, Roger Abdelmassih deve passar por um novo julgamento. A defesa dele alega inocência e o Ministério Público quer uma pena ainda maior.
Mulheres que foram vítimas de Roger Abdelmassih, comemoraram a prisão do ex-médico. "Todo mundo que foi vítima dele não pode ter uma sensação melhor de que a Justiça está sendo feita. Eu tinha certeza que isso ia acontecer", diz a artista plástica Silvia de Oliveira Franco.
Silvia e Vana contam que foram estupradas por Roger Abdelmassih durante o tratamento para engravidar. Nenhuma das duas conseguiu realizar o sonho de ser mãe. Elas se uniram e hoje fazem parte de uma associação de vítimas do ex-médico.
"Comecei a estudar Direito porque eu achei um absurdo eu não saber me locomover, para poder denunciar, para prender, para fazer as coisas necessárias", afirma a estilista Vana Lopes.
Além do processo que condenou Roger Adbelmassih por estupro em 2010, existe um outro inquérito que investiga denúncias de manipulação genética contra ele. Ex-pacientes relataram à polícia que ele ofereceu óvulos de outras mulheres para aumentar a chance de gravidez.
Com isso, muitos bebês concebidos por fertilização na clínica não teriam a carga bilogica apenas dos pais.
Silvia é uma das pacientes que querem saber o que foi feito com o material genético dela. "Eu quero saber onde estão os meus embriões e o que foi feito com meus óvulos. Ele destruiu familias, destruiu sonhos de mulheres, casamentos e famílias", afirma a testemunha Silvia de Oliveira Franco.
Depois do trauma de ser assediada por Abdelmassih, Helena contou com o apoio do marido. Os dois conseguiram ter gêmeas e hoje torcem para que o ex-médico não fique impune.
"A gente não quer o dinheiro dele, a gente quer justiça. Ele foi condenado a 278 anos de prisão e a gente quer ele preso.", ressalta a dona de casa Helena Leardini.
fonte: http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2014/08/ex-medico-roger-abdelmassih-e-preso-no-paraguai-pela-policia-federal.html