No Paraná, a empresa Forjas Taurus fez o recall de 1.200 armas da Polícia Civil em 2014, de acordo com a Delegacia de Explosivos, Armas e Munições. Nenhum representante da PM quis falar com a reportagem sobre o caso e, apesar dos pedidos, a assessoria da corporação não informou quantas armas foram trocadas nos quartéis.
Carregadores com ferrugem por falta de manutenção |
Diego Ribeiro/Gazeta do Povo
Outros policiais vivenciaram defeitos diferentes, como dupla
alimentação, a chaminé, rajada (veja o que significa cada problema nesta
página) e também a perda rápida de eficiência da mola que fica dentro do pente,
peça fundamental para recarregar a arma. Embora pareça um tema específico, o
assunto torna-se ainda mais relevante quando os gastos do Paraná com compras de
armas são apresentadas.
Os gastos
Veja quanto o governo do Paraná gastou em compra de armas da
empresa Forja Taurus:
2011
R$ 264 mil para comprar 145 pistolas ponto 40 para PM.
2012
Seis mil pistolas PT 840 (as dos defeitos) para PM e 632
para Polícia Civil por R$ 11,1 milhões e 1,05 milhão, respectivamente.
2013
Mais 300 pistolas para PM e outras 868 para Polícia Civil
por R$ 453,6 mil e R$ 1,7 milhão em cada lote. Para os policiais civis também
foi adquirido dentro deste valor 25 submetralhadoras.
2014
O estado comprou mais 35 carabinas e 70 submetralhadoras em
duas compras diferentes no valor de R$ 318, 9 mil e R$ 133 mil.
Segundo o site Gestão do Dinheiro Público, entre 2011 e
2014, o Paraná gastou na Taurus R$ 14,9 milhões em compra de armamento (veja o
quadro abaixo). Foram compradas mais de sete mil pistolas modelo PT 840, a que
apresentou defeito, além de submetralhadoras do mesmo calibre.
Essas falhas também levantam a questão sobre qual a real
qualidade dos equipamentos usados por policiais do estado e expõem o quão
restrito é o mercado oficial de armas no país. O problema não é apenas paranaense.
Em 2013, a Polícia Militar de São Paulo registrou os mesmos problemas e no Rio
de Janeiro ocorreu recall semelhante no ano passado.
A dificuldade de encontrar opções no mercado é tão grande
que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a aquisição de
mais de 50% do capital da empresa Forja Taurus, que era a principal fornecedora
de armas das polícias brasileiras, uma das maiores fabricantes do mundo, pela a
Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), que produz e comercializa munições no
país. O fato foi revelado pelo jornal Valor Econômico na última semana de
janeiro.
A única chance para melhorar o armamento das polícias
brasileiras seria a importação. Mas, conforme já mostrou reportagem da Gazeta
do Povo sobre a falta de munições para treinamentos da polícia em 2013, o
recurso é regulamentado pelo Exército, que proíbe caso exista produto similar
fabricado no país. Se autorizada, a importação de armas é sobretaxada em 150%
do valor por não ser considerado produto essencial.
A empresa Forja Taurus foi procurada, mas informou que não
se pronunciará “por questões contratuais”. A Secretaria da Segurança Pública
preferiu não comentar o caso.
A Gazeta do Povo teve acesso a dois vídeos de testes de
pistola realizados pela Polícia Militar. Em um deles, por exemplo, o ferrolho
da pistola cai. Um delegado da Polícia Civil, que falou sob a condição de
anonimato, afirmou que a qualidade das pistolas é mediana e que as armas podem
colocar em perigo policiais que estão nas ruas. “Teve um caso em que a pistola
deu rajada”, diz. A rajada, que dispara dois ou três tiros com o policial
apertando o gatilho uma só vez, pode gerar interpretação dúbia em um confronto.
Tecnicamente, o policial está preparado para dar dois tiros,
o chamado disparo de defesa. Além disso, qualquer outro defeito durante um
confronto, por exemplo, pode deixar o policial ainda mais vulnerável. No caso
da Polícia Civil, o principal defeito registrado após recall é a perda de
eficiência da mola que auxilia o recarregamento.
Esses problemas fazem com que alguns policiais,
principalmente os das equipes de elite, usem pistolas Glock. “A diferença é da
Ferrari para o Fusca”, diz um investigador. Como o estado não consegue
encontrar uma arma de qualidade melhor no mercado interno, eles compram com
recursos pessoais. “Tem muita gente que não confia no armamento fornecido pelo
estado”, disse o delegado.
Enquanto os policiais têm usado essas armas, vários
criminosos suspeitos de explodir caixas eletrônicos têm usado fuzis.
Vídeo revela defeitos em arma usada pela PM
PM testou a pistola usada pela corporação em queda acidental |
A Gazeta do Povo teve acesso a dois vídeos de testes de
pistola realizados pela Polícia Militar. Em um deles, por exemplo, o ferrolho
da pistola cai. Um delegado da Polícia Civil, que falou sob a condição de
anonimato, afirmou que a qualidade das pistolas é mediana e que as armas podem
colocar em perigo policiais que estão nas ruas. “Teve um caso em que a pistola
deu rajada”, diz. A rajada, que dispara dois ou três tiros com o policial
apertando o gatilho uma só vez, pode gerar interpretação dúbia em um confronto.
Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/armas-da-policia-tem-falhas-8fte9spu0s5hlznfc09lgolx5
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