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Rafael Alcadipani*
A Segurança Pública é vista por
grande parte dos brasileiros como um dos principais problemas do Brasil. O
brasileiro vive com medo de ser assaltado, sofrer um sequestro relâmpago ou até
mesmo ser vítima de um latrocínio. As principais forças policiais do Brasil são
as Polícias Militares, responsáveis pelo patrulhamento e repressão dos crimes,
e as Polícias Civis, responsáveis pela investigação dos crimes que já
aconteceram.
Imaginava-se que dada a situação
de calamidade pública da Segurança Pública nacional, os nossos governos iriam
investir e dar atenção as duas forças policiais de maneira igual. Além disso,
investir em investigação criminal é fundamental para que quadrilhas sejam
desbaratadas, criminosos sejam presos e não voltem a cometer seus crimes. Porém,
não é isso que acontece.
Parte expressiva do orçamento de
Segurança Pública dos Estados é dedicada às Polícias Militares. Em São Paulo,
Estado mais rico da federação, a Polícia Civil está praticamente na UTI. Os
salários nessa força policial, em todas as carreiras, estão abaixo da média
nacional, a despeito da pujança econômica paulista. Alguns dados a respeito dos
Policiais Civis de São Paulo mostram os graves problemas que essa força está
enfrentando: 44% dos delegados de polícia serão idosos nos próximos anos.
Apenas 3% dos policiais civis têm menos de 30 anos. Entre 2014-2016, saíram 379
delegados e apenas 48 entraram. 40% dos municípios de São Paulo não possuem
delegados de polícia. 23% dos cargos de escrivão de polícia estão vagos no
Estado de São Paulo. Apenas 25% dos escrivães têm menos de 40 anos. Entre
2015-2016, saíram 1319 escrivães e apenas 394 entraram. O padrão se mantém
também para os investigadores de polícia. 77% deles estão acima de 40 anos.
1390 saíram e apenas 669 foram admitidos.
Esses dados mostram os motivos
das dificuldades que a população encontra quando precisa dos serviços da
Polícia Civil. Há poucos funcionários e a mão de obra está envelhecida. As
aposentadorias na força polícia tende a agravar o quadro. E a se manter o padrão,
a Polícia Civil vai encolhendo. Por outro lado, há delegados, escrivães e
investigadores que passaram em concursos para serem nomeados e o governo do
Estado, sem explicar o motivo, não os nomeia. Parece, sim, que o interesse do
governo paulista é acabar com a sua Polícia Civil.
É urgente que sejam tomadas
medidas para que a Polícia Civil saia da UTI. Isso começa com as nomeações e
novos concursos para repor a falta gritante de pessoal. Mas também deve
envolver uma reforma nas carreiras da força e uma valorização dos policiais.
Sem uma Polícia Civil forte, ficaremos nas mãos de uma polícia truculenta e
pouco inteligente.
* Rafael Alcadipani é Professor Adjunto de Análise
Organizacional e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Url da matéria: http://brasil.estadao.com.br/blogs/tudo-em-debate/policia-civil-pede-socorro/
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