Adriano Moneta
url da imagem: http://www.pilotopolicial.com.br/wp-content/uploads/2011/08/sat5.jpg
As situações são extremas: estados de calamidade, tragédias,
resgate no meio da mata, perseguição policial. Para o Pelicano, helicóptero do
Serviço Aerotático (SAT), do Departamento de Investigações sobre Crime
Organizado (Deic), não há barreiras. O nome não é por acaso: os pelicanos são
aves conhecidas por defenderem os filhotes com a própria vida, caso necessário.
Em 14 de agosto, a unidade completará 32 anos nos céus de São Paulo, aliando
tradição e tecnologia e se destacando no cenário nacional quando o assunto é
serviço aéreo de segurança.
Preparado para todos os tipos de operações, os helicópteros
chegam a áreas isoladas e, em muitos casos, sua atuação é crucial para um
desfecho de uma ocorrência policial. O SAT dá apoio às operações da Polícia
Civil, auxiliando as equipes terrestres. Quando a unidade foi criada, o cenário
era diferente: os roubos a banco preocupavam a sociedade e a polícia, as
viaturas de quatro rodas levavam algum tempo para chegar até o local do crime.
Diante da necessidade de chegar rapidamente à cena do crime,
o governo comprou dois helicópteros, um para a Polícia Civil e outro para a
Polícia Militar. O helicóptero, além de inibir os criminosos, dá a sensação de
segurança para os policiais.
A sociedade mudou e outros crimes passaram a incomodar, como
o sequestro. O SAT acompanhou essa transição e prestou apoio às unidades da
Polícia Civil para a resolução das ações criminosas. Hoje, com os índices
criminais em queda, os pelicanos têm se destacado na atuação humanitária.
Desde a sua criação até julho de 2011 (quando a matéria foi divulgada na página oficial da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo), as aeronaves do SAT
apoiaram 3.608 perseguições, buscas e cercos. A unidade realizou 2.575 ações de
instruções e treinamento de tripulação de policiais. Foram 1.706 operações em
roubos a bancos, condomínios, empresas e residenciais.
Os helicópteros da Polícia Civil já encontraram 690
cativeiros e 1.804 locais de crime, localizaram 339 veículos, realizaram 277
escoltas de presos, fugas e intervenções em rebeliões, além dos 317 transportes
de órgãos para doação. Foram 11.783 horas de vôo. A unidade tem 23 homens, sendo 9 pilotos, 13
tripulantes e um policial que atua na área administrativa.
url do vídeo: https://youtu.be/UNuu9vhyDDY
Tradição
A história de um dos serviços aéreos de segurança mais
importante do país se entrelaça com a vida de Roberto Bayerlein, delegado
responsável pela unidade, que se dedica ao SAT desde a sua criação. Com mais de
5 mil horas de vôos, o que não faltam são histórias para contar, mas foi o
gesto singelo de uma garota que se tornou o mais marcante em quase 30 anos de
carreira.
Há 20 anos, a região do Vale do Ribeira, no sul do estado,
tinha sido devastada por uma enchente.
Durante uma pausa nas operações de resgate, Bayerlein foi surpreendido
por uma garota de 12 anos. “Ela se aproximou de mim, entregou uma flor e
agradeceu pelo que eu estava fazendo, por estar ajudando a salvar vidas”. O
delegado carrega a flor para todos os lugares até hoje, guardada em sua
carteira.
O caso não é exclusivo. As missões humanitárias são tão
freqüentes no dia a dia dos pilotos e tripulantes quanto as operações de apoio
à Polícia Civil. Os pelicanos encurtam a distância e levam rapidamente órgãos
de transplantes para pessoas que não podem esperar. A Polícia Civil possui
diversos convênios, como o do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de
Botucatu (HCFMB).
A dedicação e o amor à profissão também têm os seus riscos.
Os pilotos e tripulantes acabam arriscando a própria vida em defesa da
sociedade. Um acidente em julho de 2001 matou os delegados Otávio Marcos Corrêa
Viola Troviglio e José Maurício de Aguiar Cerciari e o investigador José Osório
de Arruda Campos Rodrigues. O agente Marco Aurélio de Toledo ficou ferido
gravemente e conseguiu sobreviver.
A equipe estava perseguindo um veículo na Rodovia Fernão
Dias. Em uma paralela da estrada, o veículo parou e o helicóptero pousou na
pista. Os policiais foram surpreendidos por tiros e tiveram que voltar
rapidamente para a aeronave. No momento da decolagem, a aeronave encostou-se
nos fios de alta tensão e acabou caindo em uma vala.
10 dias de solidariedade
Novembro de 2008. Santa Catarina sofre com fortes chuvas.
Sessenta municípios são atingidos e 14 cidades decretam estado de calamidade
pública. Mais de 1,5 milhão de pessoas são afetadas. Foi um caos em que pelo
menos 135 pessoas perderam a vida, uma das maiores catástrofes daquele estado.
Vieram doações e ajuda humanitária de diversos lugares. São Paulo foi um dos
que se solidarizaram com a comunidade catarinense.
O SAT foi para lá, enviado pelo governo paulista, para
ajudar nas buscas, resgates e no transporte de mantimentos e medicamentos. O
delegado e piloto Fábio Coan Sampaio fez parte da equipe. “Foi um cenário de
destruição. Foram várias situações e operações realizadas em um curto espaço de
tempo. Por dia, chegamos a operar em oito, nove missões, como transporte de
pessoas, de medicamentos, equipamentos”, lembrou.
Os helicópteros foram o principal meio de transporte, uma
vez que as estradas haviam sido destruídas. Equipes médicas foram transportadas
pelo ar para locais de difícil acesso. “Foi uma operação que me engrandeceu.
Cresci como pessoa”, disse Sampaio, que tem mais de 20 anos de SAT.
Tecnologia no combate ao crime
A última aquisição do SAT, um helicóptero esquilo, que
chegou em 2008, é uma das únicas aeronaves do país blindada que resiste a tiros
de fuzil. A estrutura tecnológica impressiona. O motor é mais potente que o dos
modelos anteriores, a transmissão mais resistente, além de equipamentos
eletrônicos modernos que auxiliam na navegação e nas operações policiais.
A aeronave possui o sistema de “moving map”, um pequeno
computador de bordo que fornece dados, mapas e cartas de rota. O SAT-5, como é
chamado o helicóptero, tem equipamentos que podem ser usados em resgate, como
um guincho para transporte de pessoas e objetos, um gancho para a captura de
materiais, um cesto e farol de busca para a localização durante a noite. O
modelo, que custou US$ 3,1 milhões, comporta seis tripulantes.
Fonte: http://www.ssp.sp.gov.br/
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