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Carlos Alberto Marchi de Queiroz
Inaugurada em 28 de fevereiro do
ano passado, a Segunda Delegacia Seccional de Polícia de Campinas não exerce,
em sua plenitude, suas relevantes funções. Funciona, adesivamente, como um
simples plantão policial, em regime de plantão permanente durante 24 horas.
Na prática, a Segunda Seccional,
além de seus distritos e delegacias municipais, deveria ter uma Delegacia de
Investigações Gerais (DIG), uma Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes
(Dise), uma Delegacia de Defesa da Mulher (DDM)
uma Delegacia da Infância e da Juventude, um SHPP e um Sarc.
Essas unidades policiais
encontram-se previstas pelo decreto nº 57.640, de 20 de dezembro de 2011,
assinado pelo governador Alckmin. Todavia, faltam 30% de efetivos. Em agosto de
2014 o déficit de sua co-irmã, a 1ª Delegacia Seccional, era de 138 policiais.
O governo, desde 2014, promete
mais policiais civis para Campinas, sem, contudo, estipular prazos. Autoridades
interpeladas pelos órgãos de imprensa declaram, sempre, que novos policiais
estão sendo formados pela Academia. A escola, na segunda quinzena de fevereiro
deste ano, diplomou 51 escrivães. Agora treina 15 agentes... Candidatos a
delegado esperam pela prova oral há 4 meses. Não há professores suficientes
para preparar 12.800 policiais faltantes.
A última previsão de policiais
para Campinas, Correio de 16/11,
A11, afirma que a Segunda Seccional terá uma situação confortável em um ano e
meio.
Essa importantíssima unidade policial
civil, uma UGE, na realidade ocupa hoje alguns cômodos de um espaçoso prédio
alugado por R$ 61 mil mensais, no Jardim Londres, cuja utilização vem sendo
questionada pelo Ministério Público.
É preciso ressaltar que desde o
momento da sua definitiva criação, três sucessivos prefeitos municipais e os
dois últimos diretores do Deinter 2 vêm se esforçando no sentido de encontrar amplo terreno na
região sudoeste da cidade para viabilizar a construção de um moderníssimo
prédio próprio que englobaria delegacias
especializadas e quatro distritais.
A implantação da Segunda
Seccional ainda provoca forte oposição por parte de quem se recusa a olhar o
futuro da cidade, como estadistas. A Polícia Civil de Campinas, desde 2011, não
tem como escapar desse imperativo categórico. A cidade é a primeira do interior
a contar com duas seccionais.
Naquele ano, a Cidade das
Andorinhas chegava a 1,2 milhão de habitantes. Precisava, urgentemente, de mais
uma DDM. A 1ª DDM, na ocasião, acusava o maior número de boletins de ocorrência
do Estado, com 750 registros mensais, em média, ultrapassando as marcas das
DDMs da Capital.
O diretor do Deinter, à época,
Licurgo Nunes Costa, diante das estatísticas, representou ao secretário de
Segurança Pública propondo a criação de mais uma Seccional que, ipso facto,
traria em seu bojo a 2ª DDM. A unidade, por motivos de planejamento, não
poderia funcionar no âmbito da 1ª Delegacia.
Em 2013, a 1ª DDM fechara o ano
com 9,8 mil ocorrências, possibilitando, com cifras, a criação da Segunda Seccional,com sua DDM, a ser
instalada na região entre as rodovias Anhanguera e Bandeirantes. Em 12 de julho
de 2013, novo secretário da Segurança, pressionado pelos órgãos de imprensa
diante da onda de crimes, baixou, às pressas, a Resolução SSP-105, publicada no Diário Oficial de 16, fixando, arbitrariamente, a distribuição de cargos
policiais civis no Estado.
O DOE daquela data atribuiu, artificialmente,
464 cargos à 1ª Seccional e 259 à Segunda, cuja proposta inicial não despertara
a atenção do governo. A ideia só decolou durante a campanha eleitoral para o
governo do Estado e para as prefeituras.
Os leitores hão de se lembrar que,
na última campanha eleitoral, os marqueteiros do governador e do atual prefeito
de Campinas martelaram a instalação da Segunda Seccional, uma ótima ideia, na
cabeça dos votantes.
A 2ª Delegacia Seccional de
Policia de Campinas é um projeto fantástico, apesar da falta de seriedade revelada
pelos políticos demonstrada, em números, pelo impassível Diário Oficial. Nos dias que correm, a repartição não passa de mera
delegacia cenográfica, salva apenas por seus valorosos integrantes e pelo extraordinário
plantão policial, um feliz equívoco que merece ser imitado por todas as
delegacias seccionais no Estado. O erro, curiosamente, deu certo em Campinas.
Um ano após sua inauguração, a
Segunda Delegacia Seccional de Polícia de Campinas continua à espera de imaginários
delegados e agentes. A Polícia Civil parece estar na mesma situação de
Napoleão, naquele domingo, 18 de junho de 1815, durante a batalha de Waterloo.
O corso genial esperou durante o dia todo reforços que nunca chegaram.
Carlos Alberto Marchi
de Queiroz é professor da Academia de Polícia
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