Segundo as investigações, o esquema de achaques de corregedores venderia proteção aos homens que eles deveriam investigar e prender
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Um vídeo em que promotores de Justiça são enganados por
policiais civis a fim de permitir a fuga de dois investigadores acusados de
corrupção é a principal prova do Ministério Público Estadual (MPE) no inquérito
que investiga a existência de um "mensalão" pago por policiais
corruptos à Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo. O secretário de
Segurança Pública, Alexandre de Moraes, informou que pediu providências sobre
os fatos à Delegacia Geral, na quarta-feira (16/12). Por enquanto, ninguém foi
afastado.
Segundo as investigações, o esquema de achaques de
corregedores venderia proteção aos homens que eles deveriam investigar e
prender. É o que diz um policial que delatou o esquema. Em troca de até R$ 50
mil por mês informavam a delegacias o planejamento de operações do MPE e o
recebimento de denúncias de vítimas de extorsão da banda podre da polícia.
O vídeo foi gravado pelas câmeras de segurança do
Departamento de Investigações Criminais (Deic) e apreendido pelos promotores do
Grupo Especial de Controle Externo da Polícia (Gecep) após suspeita de
participação de policiais do departamento e da corregedoria na fuga dos
agentes. O que foi flagrado pela análise das imagens.
No começo de novembro, a Justiça decretou a prisão dos investigadores
Mario Capalbo e Raphael Schiavinatto por suspeita de exigir pagamento de
propina de R$ 300 mil de uma empresária, dona de uma academia de ginástica na
zona norte de São Paulo, para não investigá-la por supostas irregularidades
tributárias. Eles trabalham na 3ª Delegacia de Investigações Gerais (DIG).
Ela procurou os promotores do Gecep e, orientada por eles,
gravou a conversa em que os policiais pediram o dinheiro. Com base nas
gravações, os dois tiveram a prisão decretada e o investigador Jorge Reed,
também da 3ª DIG, passou a ser investigado por suspeita de participação no
esquema.
Vídeo
Os promotores do Gecep foram ao Deic prender os policiais no
dia 11 de novembro, às 16 horas. A Corregedoria da Polícia Civil foi chamada
para acompanhar a operação. Antes da chegada deles no Deic, há uma grande
movimentação dos investigadores da DIG. A suspeita do Gecep é que eles foram
avisados pela corregedoria.
Quando os promotores chegaram ao Deic, Capalbo, Schiavinatto
e Reed estavam na sala do delegado Luiz Longo, responsável pela 3ª DIG.
Enquanto os promotores e os corregedores foram encaminhados para a sala do
diretor do Deic, delegado Emygdio Machado Neto, os dois policiais que deveriam
ser presos continuavam na sala do delegado Longo.
Em seguida, Longo saiu e foi até a sala do diretor do Deic
atender os promotores. Nesse intervalo, Capalbo, Schiavinatto e Reed (que
imaginava que seria preso também) fogem. Todos passam algumas vezes na frente
do agente da Corregedoria Fabio Iezzi, que fica parado na porta do Deic.
Reed chega a cruzar com o chefe dos investigadores do Deic,
Silvio Toyama, e faz um gesto de que está fugindo. Logo em seguida, promotores
e corregedores descem. Acompanhados pelo delegado Longo, vão à sala dos
investigadores e não encontram ninguém.
A reportagem procurou Longo e os demais policiais acusados,
mas não os encontrou. Aos promotores, o delegado Longo disse que, naquele dia,
viu os policiais acusados à tarde e não sabia se eles estavam no prédio quando
o Gecep tentou cumprir os mandados de prisão.
Testemunha
Um policial civil é uma das principais peças da investigação
feita pelo Ministério Público Estadual (MPE) sobre o suposto mensalão da
Corregedoria da Polícia Civil. Testemunha sob proteção, ele foi ouvido em
sigilo pelos promotores, em 1º de dezembro, e contou como o investigador Waldir
Tabach, chefe dos investigadores da corregedoria, arrecadaria a propina das
delegacias de São Paulo.
Ela afirma que "foi o chefe dos investigadores da
Polícia Civil, Waldir Tabach, que informou ao chefe dos investigadores do Deic,
Sr. Toyama, que o Gecep (Grupo Especial de Controle Externo da Polícia) e
policiais da corregedoria estavam chegando no local para cumprir mandados de
prisão". A testemunha disse que Tabach receberia R$ 50 mil mensais só do
Deic para mandar as informações e que falaria com Toyama por meio de celulares
chamados "diretinhos" que ninguém sabe o número.
A reportagem pediu à Secretaria de Segurança Pública para
entrevistar Tabach e o diretor da Corregedoria, delegado Nestor Sampaio
Penteado Filho, mas não houve resposta. A assessoria do Deic também foi
procurada, mas ninguém respondeu.
Suspeitas
Os promotores do Gecep encaminharam cópia de toda a
investigação sobre as suspeitas de cobrança de propina da Corregedoria da
Polícia Civil à Secretaria de Segurança Pública no começo do mês e pediram
providências por parte da pasta. O Gecep também mandou cópias para a Promotoria
de Defesa do Patrimônio Público, pois há suspeita de enriquecimento ilícito e
improbidade administrativa praticada pelos policiais investigados.
Na parte cível, a investigação foi dividida em vários
inquéritos Um será apenas para apurar os fatos ocorridos no Deic, que também
serão anexados na investigação sobre o suposto mensalão da corregedoria. Outros
supostos crimes praticados por outros departamentos, mas sempre relacionados
com corrupção, também serão investigados pelos promotores do Patrimônio
Público.
Histórico
Essa é a primeira vez que a Corregedoria da Polícia Civil é
alvo de suspeitas. Durante a gestão de Ronaldo Marzagão na Secretaria da
Segurança (2007-2009), decisões sobre processos administrativos contra
policiais corruptos seriam vendidas por integrantes da cúpula da pasta para
livrar a banda podre de punições. Foi por isso que o secretário Antonio
Ferreira Pinto (2009-2012) fez com que o órgão deixasse de ser subordinado à
Delegacia Geral de Polícia e pôs sob a responsabilidade de seu gabinete.
A decisão fez Ferreira Pinto ser alvo de espionagem por
parte de policiais civis envolvidos em casos de corrupção. Em uma das ações, os
investigados divulgaram imagens de câmeras de segurança de um shopping que
mostravam o secretário se encontrando com um jornalista, dando a entender que
ele estaria passando informações sigilosas.
Na época, a responsável pela Corregedoria era a delegada
Maria Inês Valente. Ela saiu do cargo depois que imagens gravadas pela própria
Corregedoria mostraram agentes tirando dinheiro supostamente escondido na
calcinha de uma escrivã.
O caso foi arquivado pela Justiça, mas ganhou repercussão
após a divulgação das imagens da ação dos policiais da Corregedoria, que foram
consideradas arbitrárias pelos colegas. A corregedora entregou o cargo. Desde a
queda de Ferreira Pinto, o delegado Nestor Sampaio Penteado Filho assumiu o
órgão. Ele sempre foi considerado discreto nas ações do departamento.
Investigação
A Secretaria de Segurança Pública, por meio de nota,
informou que o secretário Alexandre de Moraes tomou conhecimento do caso na
quarta-feira, dia 16, durante reunião com os promotores do Gecep e pediu
"imediata apuração por parte da Delegacia Geral de Polícia".
A pasta não respondeu aos questionamentos feitos pela
reportagem Não informou quais providências poderão ser tomadas em relação aos
policiais do Deic e da Corregedoria da Polícia Civil suspeitos de dar fuga aos
policiais Mario Capalbo e Raphael Schiavinatto, não disse como será ou se será
investigado a existência de um suposto esquema de propina na Corregedoria. A
reportagem pediu à assessoria entrevista com o diretor da Corregedoria,
delegado Nestor Sampaio Penteado Filho, e também com o investigador chefe
Waldir Tabach, mas o pedido não foi respondido.
Todos continuam trabalhando nos seus respectivos cargos
normalmente. A assessoria da Secretaria de Segurança Pública também não
informou qual a situação os investigadores Capalbo e Schiavinatto, se continuam
presos ou se voltaram ao trabalho no Deic.
Em depoimento aos promotores, o delegado Luiz Longo afirmou
que, no dia da fuga dos policiais pela porta da frente do Deic, não se lembrava
quem eram os investigadores e "após uma breve reflexão, lembrou-se quem
eram e que os havia visto, na parte da tarde, na delegacia, mas não sabia se
estavam no prédio".
O agente da Corregedoria Fabio Iezzi afirmou em depoimento
que não estava preocupado em saber se havia uma saída pelos fundos, pois não
conhece bem o Deic "e que não teria interesse" em beneficiar os
policiais acusados de extorsão.
Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica-brasil-economia/63,65,63,12/2015/12/21/internas_polbraeco,511480/corregedoria-da-policia-e-acusada-de-cobrar-mensalao-de-corruptos.shtml
Assistam ao filme "Os Reis da Rua"...Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. https://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Reis_da_Rua
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