O Coelho da Páscoa é um símbolo que tem origem em mitos e
ritos germânicos e em sua articulação com a tradição cristã na Idade Média.
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Por Me. Cláudio Fernandes
Hoje em dia, sobretudo nos países
ocidentais, o símbolo do coelho é, seguramente, um dos mais associados à data
da Páscoa, apesar de não estar atrelado ao significado cristão propriamente
atribuído a essa data, isto é, a Ressurreição de Cristo. Para compreender os
motivos dessa associação e, mais, para compreendermos o porquê de o coelho ter
a “função” de “trazer os ovos” – hoje em dia, de chocolates – da Páscoa,
precisamos revistar a história.
O coelho é um animal que
simboliza fertilidade graças à sua intensa prática reprodutiva. Desde
civilizações bem antigas, como a egípcia, a ligação entre coelhos e
fertilidade, primavera, nascimento, etc., é estabelecida. Na Europa, os povos
germânicos, que habitavam a região norte – atualmente, a Alemanha –, possuíam
uma narrativa mítica sobre uma deusa da fertilidade cujo nome era Ostara. O
coelho era símbolo do culto a essa deusa, posto que, passado o inverno e tendo
início o período da Primavera (estação que simboliza o “renascimento”, a
floração, a fertilização), os coelhos eram, com frequência, os primeiros a
saírem de suas tocas e começarem a reproduzir-se.
Aos coelhos, símbolos de Ostara,
as tradições rituais germânicas associaram a prática de entrega de ovos de aves
pintados com tintas para as crianças. Essa prática valia-se do subterfúgio da
“caça do coelho”. No momento em que iam caçar os coelhos, as crianças
encontravam, escondidos nos campos, os ovos adornados. A cidade de
Ostereistedt, na Alemanha, leva esse nome em razão da referência a essa
prática.
No período da Idade Média, o
culto à Ostara e à estação da Primavera logo passou a ser associado à
Ressurreição de Cristo, em face da cristianização dos povos bárbaros. No
entanto, a assimilação do mito germânico pelo cristianismo não implicou a
abolição total dos ritos a ele associados. A prática da entrega de ovos passou
a ser relacionada, portanto, à Páscoa, e não mais à deusa Ostara.
Com a leva de migrações alemãs
para o continente americano, essa prática generalizou-se. Os mais antigos
registros sobre a lenda alemã do coelho que traz os ovos para as crianças datam
de 1678.
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