terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Sequestro - O Filme

Documentário mostra o trabalho de Polícia Civil de São Paulo
 
DIRETO AO PONTO
De Lucas Salgado
Dirigido por Wolney Atalla, o documentário Sequestro vem sendo exibido em mostras e festivais desde 2009 e só agora encontra espaço no circuito para entrar em cartaz. A demora no lançamento retrata a dificuldade que pequenas produções nacionais, em especial as não-ficcionais, encontram para chegar às salas de cinema e de forma alguma é o retrato de uma eventual falta de qualidade do longa.
O filme retrata o dia a dia da Divisão Anti Sequestros (DAS) da Polícia Civil de São Paulo e tem como principal mérito o fato de ir direto ao ponto. Assume uma posição desde os créditos iniciais e trata de mantê-la ao decorrer dos acontecimentos.
Já nos créditos, o longa traça uma linha geral sobre a natureza e o histórico da prática do sequestro no Brasil. Ao tratar da origem do crime, citando como momento-chave a queda do comunismo, Sequestro corre o risco de tentar vender uma "verdade universal", mas aos poucos vai apresentando provas que ao menos tornam seu argumento plausível.
A produção foca suas atenções em casos específicos de sequestro e em depoimentos de vítimas, e por isso usa os primeiros minutos justamente para dar um embasamento estatístico e para apresentar teorias. O documentário aponta que em sua origem, o crime tinha natureza política e que o grande erro da justiça no Brasil foi prender os criminosos políticos junto com os normais, criando assim uma espécie de universidade dentro dos presídios.
Uma das grandes virtudes do filme foi ter conseguido um acesso impressionante às atividades da DAS, acompanhando, inclusive, negociações para libertação de reféns. Cita casos históricos como os sequestros de Abílio Diniz e Washington Olivetto, mas foca nas pessoas comuns, como Cléber, José Ibiapina e uma menina de seis anos de idade.
Traz depoimentos de criminosos, policiais, vítimas e familiares, tentando (e conseguindo) abordar ao máximo as questões relativas ao delito. Dentre os depoimentos, destacam-se o do policial que não aguentou a dura rotina e acabou sofrendo um AVC, o da mãe de um sequestrador e o de uma vítima que foi estuprada em cativeiro. Como podem imaginar, nada disso é fácil de ser visto ou ouvido, mas não dá para ignorar a importância do registro.
Em alguns momentos acaba parecendo uma propaganda da DAS, principalmente por mostrar apenas um caso em que a situação não termina bem. O filme não deixa claro se omitiu alguns casos (o mais provável) ou se a divisão possui um altíssimo índice de solução.
Sequestro passa rapidamente por elementos como a Síndrome de Estocolmo, quando a vítima acaba se identificando com o sequestrador, mas não se aprofunda, até para não ser relapso. Muito bem fotografado e com uma trilha sonora que dita o ritmo de algumas situações, o documentário merece ser conferido. Não tenta explicar o crime de sequestro, mas abrange de forma ampla vários elementos deste. Mostra o cativeiro, a negociação, a prisão e, principalmente, a investigação. É fácil imaginar o filme como fonte de várias obras de ficção.
fonte:http://www.adorocinema.com/filmes/filme-202449/criticas-adorocinema/

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A delegada de Salve Jorge

 
Carlos Alberto Marchi de Queiroz 
 
Ivanete de Oliveira Velloso, hoje aposentada, foi a primeira delegada de polícia concursada do Brasil. Nomeada em 4 de agosto de 1975, por decreto do governador, abriu acesso às corajosas mulheres que desejavam ser autoridades policiais ou agentes. Vencendo a banca examinadora, passou por árdua prova de avaliação física carregando, às costas, um saco com areia, pesando 20 quilos. O fato ganhou destaque nacional nos meios de comunicação de massa na época.
Desde então, as mulheres vêm ingressando em todas as carreiras das policiais civis brasileiras e na Polícia Federal. Em São Paulo, ocupam hoje, um terço do contingente da polícia de investigações. Designadas para servir em áreas de risco, algumas morreram ou foram feridas no cumprimento do dever.
Surge, agora, na telinha, a bela figura da delegada Helô, titular de uma fictícia delegacia de polícia estadual, no Rio de Janeiro, empenhada, pessoalmente, em descobrir uma trama internacional de tráfico de pessoas para o exterior. Seu desempenho na delegacia, ao lado da forte presença da escrivã de polícia de seu cargo e de um eficiente detetive, cargo equivalente ao de investigador de polícia, não foge daquilo que normalmente acontece no interior das unidades policiais civis.
Existem delegadas de polícia bonitas, inteligentes, dondocas, consumistas, independentes, divorciadas e ricas como a delegada de Salve Jorge? Parece incrível, mas existem. Mas o que leva uma mulher bonita, bafejada pela fortuna, bacharel em Direito, a inscrever-se em concursos públicos, dificílimos, buscando ocupar um cargo de altíssimo risco pessoal nas carreiras policiais civis? A resposta é uma só: vocação.
Além de delegadas, as polícias civis brasileiras contam com escrivãs, investigadoras, agentes policiais, agentes de telecomunicações, fotógrafas, carcereiras, papiloscopistas e auxiliares, pilotos de helicóptero, médicas-legistas, peritas criminais, auxiliares de necropsia e atendentes de necrotério. Quadros, outrora exclusivamente masculinos, encontram-se, agora empenhados ao lado das mulheres, sem qualquer espécie de preconceito, em suas atividades-fim, o combate ao crime.
A novela, fruto da atividade humana, mostra falhas de continuidade, que não podem ser tidas como licença poética. Num dos capítulos, a intimação de uma das partes envolvidas, na verdade uma notificação, é feita por um oficial de justiça, de maleta, terno e gravata. As polícias civis não contam com oficiais de justiça desde a proclamação da República. Esse serviço é realizado, desde então, por investigadores, detetives ou agentes. A delegacia, curiosamente, não mostra nenhuma clientela, a não ser o caso investigado ao arrepio da lei.
Esses deslizes não invalidam a trama e, muito menos, a ação da delegada empenhada em desmantelar, por sua conta própria, organização criminosa dedicada ao tráfico internacional de crianças e de mulheres. Aliás, uma cruel realidade muito bem retratada e denunciada pela autora do script.
O Brasil, desde sua volta ao regime democrático, deve muito à imprensa, ao rádio e à televisão. A propaganda apresenta vantagens e desvantagens. Goebbels, ministro nazista, utilizou-a com maestria. Dentro do contexto novelístico é preciso, todavia, ressaltar que o Brasil tem uma Polícia Federal, com atribuição nacional nos 26 estados e no DF, atuando nas infrações penais em que a União figura como vítima. Por outro lado, todos os estados brasileiros e o DF possuem polícias civis e militares, destinadas a combater crimes em geral, menos aqueles em que a União aparece como vítima.
No caso enfocado pela novela Salve Jorge, a delegada estadual Helô está investigando crimes sem poder fazê-lo funcionalmente. O público telespectador não merece ser enganado. As polícias civis estaduais não têm atribuição (competência, no linguajar popular) para investigar crimes de tráfico internacional de pessoas. Nessas hipóteses, a vítima mediata é a União, e a imediata a pessoa objeto do tráfico. Só a Polícia Federal pode agir nesses casos. Trata-se de um tecnicismo processual penal que foge à compreensão do povo, em geral.
A autora do folhetim, certamente alertada, a tempo, por especialistas, faz a delegada Helô passar em concurso para ocupar um cargo de delegado da Polícia Federal. Sem querer, vai ajudá-la em termos salariais, pois, como delegada fluminense, ganha quase o mesmo que seus colegas dos demais estados. Os delegados federais e seus agentes, em razão de saudável política salarial do governo central, recebem o triplo dos estaduais. A União acompanha a política salarial das mais modernas polícias do mundo. Assim, a delegada Helô, após cursar por algum tempo a Academia de Polícia Federal, em Brasília, certamente, vai poder consumir um pouco mais, ajudando, assim, o crescimento da economia...
 
Carlos Alberto Marchi de Queiroz
é professor da Academia de Polícia


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

O que é a Rede Nacional de Ensino a Distância – Rede EAD-Senasp

 

Criada em 2005 pela Senasp/MJ, em parceria com a Academia Nacional de Polícia, a Rede Nacional de Educação a Distância–Rede EAD-Senasp é uma escola virtual destinada aos profissionais de segurança pública em todo o Brasil, que tem como objetivo viabilizar o acesso desses profissionais à capacitação continuada, independentemente das limitações geográficas e considerando as peculiaridades institucionais existentes.
Com a implementação da Rede EAD, a Senasp/MJ passou a exercer o papel de efetivo órgão condutor dos processos de educação em segurança pública, promovendo a articulação entre as Academias, Escolas e Centros de Formação e Aperfeiçoamento dos Operadores de Segurança Pública, de todo o Brasil, a partir de uma postura de respeito às autonomias institucionais, bem como aos princípios federativos.
A Rede EAD-Senasp possibilita aos Policiais Federais, Rodoviários Federais, Civis, Militares, Bombeiros Militares, Profissionais de Perícia Forense, Guardas Municipais, Agentes Penitenciários Estaduais, acesso gratuito à educação continuada, integrada e qualificada.
A Rede está implementada nas 27 Unidades da Federação, por meio de 270 Telecentros, já instalados nas capitais e principais municípios do interior.
Os cursos são disponibilizados através de ciclos. A cada ano realizam-se 3 ciclos de aulas dos quais participam, aproximadamente, 100 mil alunos por ciclo. São mobilizados dois mil tutores ativos para as mais de duas mil turmas, que contam com até 50 alunos por sala virtual.
A Rede é um salto qualitativo em termos de investimento no capital humano, na valorização do profissional de segurança pública, na busca da excelência nas ações de capacitação continuada e, conseqüentemente, na melhoria das ações voltadas à segurança pública.
Com o fortalecimento da Rede EAD-Senasp, o Governo Federal estabelece uma política na qual os processos de aprendizagem são contínuos e sistêmicos, garantindo assim a coerência com as demais políticas de melhoria da qualidade da educação em segurança pública.
 

Fonte:http://ead.senasp.gov.br/