quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Delegada perde cargo após se recusar a prender traficante em flagrante

 


Uma decisão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, expedida pela juíza Cândida Inês Zoellner Brugnoli, titular da Vara da Fazenda Pública, Acidentes do Trabalho e Registros Públicos da comarca de Jaraguá do Sul, determinou a perda do cargo de uma delegada de Polícia Civil, condenada por improbidade administrativa, após ser acusada de negar a lavratura do auto de um prisão em flagrante.

Além da perda do cargo, a magistrada condenou a ex-servidora ao pagamento de multa civil, arbitrada no valor de duas vezes a remuneração recebida como delegada, além de tê-la proibido de “contratar com o Poder Público ou dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócia majoritária, pelo prazo de três anos”.

Na denúncia, o Ministério Público afirmou que a delegada “deixou de praticar ato de ofício a que estava obrigada (lavratura de auto de prisão em flagrante), de forma dolosa e por razão de ordem estritamente pessoal, em discordância de requerimento e cumprimento de mandado de busca e apreensão pela Polícia Militar”.

Um dos policiais ouvidos em depoimento afirmou que, no dia dos fatos, a intenção era a abordagem em flagrante, e que o mandado era apenas um resguardo. A delegada atuava em outra comarca, motivo pelo qual os relatórios não foram encaminhados à ela. No entanto, de acordo com o processo, mesmo de posse do mandado de busca, os policiais atuaram para lograr a prisão em flagrante, em caso que envolvia o tráfico de entorpecentes.

A delegada declarou, em depoimento judicial, que, ao chegar à delegacia de polícia, tomou conhecimento da ocorrência de várias irregularidades que a fizeram concluir que “algo não estava muito correto”. Por este motivo, segundo ela, não lavrou o auto de prisão em flagrante. Além da droga, também foram apreendidos balança de precisão e dinheiro - aproximadamente R$ 700.

“O grau de dolo é elevado, assim como o grau de reprovabilidade da conduta ímproba, pois a delegada, de forma absolutamente consciente, deixou de lavrar auto de prisão em flagrante unicamente para satisfação de entendimento pessoal, contrariando normas legais e constitucionais unicamente em virtude de discordância da atuação da Polícia Militar para o requerimento e cumprimento de mandado de busca e apreensão, mesmo que evidente a situação flagrancial”, disse a juíza na decisão.

Outros casos

A juíza também mencionou outro caso em que a delegada não lavrou um auto de prisão em flagrante. Em 5 de novembro de 2018, no município de Seara, ela não estava na delegacia para realizar a prisão de um homem que descumpriu uma medida protetiva e, por telefone, arbitrou uma fiança, o que, segundo a magistrada, não é de competência dela.

Outra polêmica envolvendo a delegada aconteceu quando Lívia trabalhava em Barra Velha, em agosto de 2015, e proibiu beijos e abraços dentro da Delegacia de Polícia Civil. A determinação foi publicada em um ofício e aqueles que não cumprissem a ordem poderiam ser punidos.

O que diz a defesa

Os advogados de defesa de Lívia Marques da Motta afirmaram que vão recorrer da decisão da comarca de Jaraguá no Tribunal de Justiça. De acordo com eles, estava exercendo corretamente a função de delegada. Com relação ao processo que tramita na comarca de Seara, a defesa também recorreu da decisão e, agora, aguardam julgamento.

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terça-feira, 4 de agosto de 2020

Polícia Militar de SP proíbe uso de mata-leão em abordagens


Pretende modernizar protocolos
14 policiais já foram afastados
Policiais militares em cerimônia de formatura em SP
A Polícia Militar do Estado São Paulo informou na 6º feira (31.jul.2020) a proibição do uso da técnica chamada de mata-leão durante as abordagens. A chave cervical é 1 método de imobilização em que uma pessoa faz uso de suas mãos, braços ou pernas contra o pescoço de uma outra pessoa, aplicando uma pressão que pode provocar o estrangulamento. Em casos extremos, leva à asfixia e pode resultar em morte.

A corporação informou que essa medida foi tomada pelo grupo de estudos criado para analisar “as mais modernas e eficientes técnicas de contenção durante as detenções de suspeitos” e que a decisão busca “aprimorar ainda mais a prestação de serviço à sociedade e modernizar os protocolos de atuação”.
Esse golpe foi utilizado em várias abordagens policiais recentes em São Paulo e que foram motivo de questionamentos após a divulgação de vídeos que tiveram grande repercussão nas redes sociais.
Um deles foi em maio, na região de Parelheiros, quando uma mulher negra teve seu pescoço pressionado no chão com o pé por 1 policial. No dia 24 de julho circulou 1 novo vídeo mostrando policiais aplicando o golpe e sufocando um jovem negro da cidade de João Ramalho, no interior paulista.
No 1º semestre deste ano, 514 pessoas foram mortas pelas polícias Civil e Militar paulista em ocorrências durante o momento do trabalho ou de folga. Foi o maior número de óbitos registrado desde 2001, quando teve início a série histórica. Só a PM foi responsável por 498 dessas mortes. Nesse mesmo período, 28 policiais civis e militares foram mortos em serviço ou em folga.
Para tentar coibir a violência policial, o governo de João Doria (PSDB) comprou câmeras portáteis, as chamadas bodycams, que serão utilizadas por policiais militares durante seu patrulhamento na rua. As câmeras de lapela são fixadas nos uniformes dos policiais para que suas ações nas ruas de São Paulo sejam monitoradas, sem possibilidade de adulteração.
Além disso, o governador tucano anunciou que toda a corporação, começando pelos policiais de altas patentes, passariam por um programa de novo treinamento, chamado Retreinar.
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