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POR PROF. FELIPE AQUINO*
Por que o Papa tem aquela guarda suíça usando uma farda característica?
A história vem do século XVI,
quando o Papa Julio II (1503-1513) pediu ao rei católico da Suíça que lhe
mandasse um grupo de soldados para a sua segurança pessoal. Alguns acusam Julio
II de ser mais general do que Papa; com firmeza governava o território pontifício.
Em 22 de janeiro de 1506, 150 soldados suíços, comandados pelo Capitão Kaspar
von Silenem, escolhidos entre os melhores soldados suíços, foram para o
Vaticano tendo sido abençoados por Julio II.
Durante o pontificado de Clemente
VII (1523-1534), esses soldados suíços da guarda do Papa tiveram que enfrentar
um grande combate em 06 de maio de 1527, quando o imperador Carlos V invadiu
Roma com cerca de dezoito mil homens pertencentes ao seu exército. Os guardas
suíços do Papa lutaram bravamente e 108 deles morreram no combate, sendo que
tombaram 800 dos mil que os atacaram. Além disso, fizeram um cordão de
isolamento em torno do Papa Clemente VII, levando-o em segurança até o Castelo
de Santo Ângelo, que era o refúgio dos Papas quando atacados. A partir deste
fato histórico e heroico, os guardas suíços ficaram sendo até hoje os guardiões
do Papa.
A Guarda Suíça dá segurança às
autoridades estrangeiras que visitam oficialmente o Vaticano, assistem o Papa
durante as suas viagens apostólicas e nas suas aparições na Praça de São Pedro.
Nem sempre estão com a farda de costume; às vezes estão à paisana, como
guarda-costas e misturam-se à multidão, utilizando equipamentos de segurança de
última geração.
Hoje a Guarda Suíça é composta de 109 membros, sendo cinco
oficiais, 26 sargentos e cabos e 78 soldados.
Esses soldados são recrutados
rigorosamente, e prestam um juramento levantando os três dedos da mão, símbolo
da Santíssima Trindade, durante a cerimônia de juramento de defesa do Papa até
a morte se for preciso. Para tornar-se um soldado desta Guarda Pontifícia há
uma rígida seleção. É preciso ser católico, pois devem participar todos os dias
das diversas celebrações litúrgicas no Vaticano. É necessário ter a cidadania
suíça em honra aos 108 suíços que morreram na batalha de 1527. Somente são
admitidos homens, com boa saúde física e psicológica. Os soldados devem ser
solteiros, mas os oficiais, sargentos e cabos podem ser casados. Todos devem
dormir no Vaticano.
Todos passam por um curso básico de preparação ministrado pelo exército suíço, recebendo um certificado de aptidão. Devem ter uma conduta irrepreensível, formação profissional, capacidade de aprendizagem e maturidade. Podem ser admitidos entre 19 e 30 anos de idade.
O uniforme da Guarda Suíça atual
foi desenhado por Jules Répond, então Capitão da Guarda. É de uma malha de
cetim, nas cores azul-real, amarelo-ouro e vermelho-sangue. O capacete é ornado
com uma pluma de cor vermelha e as luvas são brancas. É um uniforme elegante
que simboliza a nobreza e o orgulho de servir ao Sumo Pontífice. No dia 06 de
maio de 2006, o Papa Bento XVI, presidiu uma Missa Solene celebrando os 500
anos da Guarda Suíça Pontifícia. Em sua homilia afirmou:
“Entre as numerosas expressões da
presença dos leigos na Igreja católica, encontra-se também a da Guarda Suíça
Pontifícia, que é muito singular porque se trata de jovens que, motivados pelo
amor a Cristo e à Igreja, se põem ao serviço do Sucessor de Pedro.
Para alguns deles a pertença a
este Corpo de Guarda limita-se a um período de tempo, para outros prolonga-se
até se tornar opção para toda a vida. Para alguns, e digo-o com profundo
prazer, o serviço no Vaticano contribuiu para maturar a resposta à vocação
sacerdotal ou religiosa. Mas para todos, ser Guardas Suíços significa aderir
sem limites a Cristo e à Igreja, prontos por isso a dar a vida. O serviço
efetivo pode terminar, mas dentro permanece-se sempre Guardas Suíços”.
*O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e
mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP)
durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de
Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem
de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi
casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o
programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o
programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de
aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação
católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
Fonte da matéria: https://cleofas.com.br/a-historia-da-guarda-suica-do-papa/