O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo Ruy Ferraz Fontes foi executado em uma emboscada na segunda-feira.
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Carro suspeito de ter sido usado na execução do delegado Ruy
Ferraz Fontes é encontrado em chamas em Praia Grande, SP — Foto: Reprodução e
Prefeitura de Praia Grande |
Polícia de SP ouve mãe e irmão de um dos suspeitos no caso
do assassinato do ex-delegado executado na Praia Grande
O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo Ruy Ferraz
Fontes foi executado em uma emboscada na segunda-feira.
Carro suspeito de ter sido usado na execução do delegado Ruy
Ferraz Fontes é encontrado em chamas em Praia Grande, SP — Foto: Reprodução e
Prefeitura de Praia Grande
A
Polícia Civil de São Paulo ouviu nesta quarta-feira (17) a mãe e o irmão de um
dos suspeitos no caso do assassinato do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes,
executado em uma emboscada no litoral paulista.
Os
depoimentos foram prestados nesta manhã ao prédio do Departamento de Homicídios
e de Proteção à Pessoa (DHPP), na capital.
Também
foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão em endereços da capital e de
cidades da Grande São Paulo, segundo a Secretaria da Segurança Pública.
A polícia já identificou
dois suspeitos do crime e pediu à Justiça a prisão deles.
O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, explicou que os criminosos não conseguiram atear fogo em um dos veículos usados no crime, um Renegade, e a Polícia Técnico-Científica coletou material para identificação dos envolvidos.
Em
nota, a pasta afirmou que "as forças de segurança seguem mobilizadas para
identificar e prender todos os envolvidos no crime".
O
secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, explicou que os criminosos
não conseguiram atear fogo em um dos veículos usados no crime, um Renegade, e a
Polícia Técnico-Científica coletou material para identificação dos envolvidos.
Em
nota, a pasta afirmou que "as forças de segurança seguem mobilizadas para
identificar e prender todos os envolvidos no crime".
Sem escolta
O
assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo reacendeu o
debate sobre a segurança de autoridades que atuaram no combate ao crime
organizado.
No
momento do crime, que aconteceu na segunda-feira (15), ele estava sozinho, sem
carro blindado e sem escolta.
Duas semanas antes da execução, Ruy havia
concedido uma entrevista ainda não publicada a um podcast da CBN e do jornal
"O Globo". Nela, relatou viver sem qualquer proteção, apesar do
histórico de ameaças do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção que ele
ajudou a investigar e combater desde o início dos anos 2000.
"Meu
nome é Ruy Ferraz Fontes. Desde 2002, fui encarregado de fazer investigações
relacionadas com o crime organizado e, especificamente, com relação ao PCC. Eu
não tenho... eu tenho proteção de quê? Eu moro sozinho aqui, eu vivo sozinho na
Praia Grande, que é o meio deles. Hoje, eu não tenho estrutura nenhuma, não
tenho estrutura nenhuma...”, diz trecho da entrevista.
Segundo a Polícia Civil, delegados-gerais e adjuntos contam, enquanto estão no cargo, com um corpo próprio de segurança para desempenhar suas funções. Após a saída, no entanto, a proteção não é automática. A regra prevê que ex-delegados-gerais podem solicitar escolta caso se sintam em risco, mas a solicitação precisa ser feita pelo próprio interessado. No caso de Ruy, não houve esse pedido.
Em
nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) destacou: “Após o cargo,
ex-delegados podem solicitar a escolta, mas tal solicitação não foi formulada”.
A pasta lamentou a morte e disse que as polícias Civil e Militar estão
empenhadas em identificar os autores e dar uma rápida resposta ao crime.
A
execução de Ruy chamou atenção porque ele estava "jurado de morte"
pelo PCC havia quase duas décadas. Relatórios do Ministério Público mostram
que, desde 2002, quando chefes da facção foram presos e transferidos para
presídios de segurança máxima por decisão das autoridades, a cúpula do crime
passou a ameaçar investigadores, promotores e juízes envolvidos nessas ações.
Entre
eles, estava Ruy, que teve papel central nessas investigações. O promotor
Lincoln Gakyia, que também é alvo de ameaças, lembrou que Ruy foi um dos
responsáveis pela ideia de concentrar os líderes do PCC na Penitenciária 2 de
Presidente Venceslau, medida considerada uma afronta pela facção.
Mesmo
sob risco, Ruy não tinha nenhum tipo de proteção oficial após a aposentadoria.
Isso trouxe à tona críticas ao modelo atual, em que a proteção depende de
solicitação, diferentemente do que ocorre com outras autoridades.
Ex-presidentes da República, por exemplo, têm direito vitalício a seguranças,
motoristas e assessores. Já no Supremo Tribunal Federal (STF), uma decisão
tomada em 2025 estendeu aos ministros o direito a segurança após a
aposentadoria.
O
governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou nesta terça-feira (16)
que autoridades que investigam o crime organizado devem ter proteção automática
ao deixarem o cargo.
➡️
A ideia do governo é avaliar mudanças na legislação para permitir que algumas
autoridades com notória atuação nessa frente tenham proteção automática.
url da matéria: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/09/17/policia-ouve-testemunhas-sobre-o-caso-do-ex-delegado-executado-no-litoral.ghtml